quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Relatório para FUNARTE - Capítulo II
Palavras Criadoras é um projeto novo, embasado em anos de trabalho com os povos indígenas. Um sonho antigo, com raízes que se fortaleceram ao longo do tempo até se tonar realidade com o apoio da Bolsa Funarte de Circulação Literária.
Nos quase 30 anos de trabalho com organizações e comunidades indígenas acompanho de perto os graves problemas decorrentes do desconhecimento, dos preconceitos e estereótipos que afastam o Brasil dos povos nativos que compartilham este mesmo território.
Durante muitos anos o jornalismo foi a ferramenta que utilizei para contribuir com a luta desses povos por direitos, reconhecimento, participação. Num segundo momento de minha vida profissional passei a dedicar meu tempo e conhecimento na construção de conteúdos e produtos culturais realizados em parceria e/ou com a iniciativa das comunidades indígenas.
Produção de CDs, de documentários, de exposições, cursos, palestras, muitos foram os recursos para ajudar nessa aproximação entre os povos e as culturas. A mais recente ferramenta que tomei como aliada foi a literatura.
Uma pesquisa sobre toda produção de autores indígenas publicada no Brasil, sobre o interesse das editoras e os critérios para publicação e divulgação dessa literatura, foi o ponto de partida para o trabalho. Mas faltava o contato com o público, com o povo brasileiro que desconhece os povos indígenas. Faltava ouvir as pessoas simples de cidades distantes e carentes, os educadores que têm em suas mãos a grande responsabilidade da transmissão do conhecimento e formação das futuras gerações, a população de lugares com forte presença da herança indígena.
A escolha dos municípios e locais para receberem o projeto levou em consideração a história local, a relevância cultural e a herança indígena, acreditando que a aproximação com a literatura nativa pudesse contribuir também para a afirmação da identidade e auto-estima do público alvo, para o reconhecimento e valorização de sua história, conhecimentos e cultura.
A Bolsa de Circulação Literária me permitiu essa viagem, o aprofundamento dessa pesquisa, a vivência. Aproximação, reflexão, revisão de posturas, desafios, quebras, muita tristeza, em alguns momentos, muita alegria em outros. As oficinas, principalmente as realizadas em Barra do Ribeira, Cananéia e no Cariri, contribuíram com informações preciosas sobre a questão da identidade, do reconhecimento da herança indígena e também sobre a possibilidade de convivência entre os povos, superando as diferenças e os conflitos impostos pelo modelo de desenvolvimento.
Em Juquitiba a principal contribuição para o projeto foi o contato com os educadores, com o desconhecimento, com suas dúvidas e preconceitos, o que permite agora sistematizar esse resultado e subsidiar projetos e iniciativas futuras.
O projeto permitiu ainda a construção do blog para postagem de informações sobre a produção literária indígena, divulgação da literatura e dos autores indígenas e de conteúdos que contribuam para a valorização da cultura tradicional.
Com a Bolsa, o projeto foi alimentado e vingou , trouxe novos desafios e desejos. Todo conhecimento adquirido ao longo destes últimos meses precisa ainda ser processado, amadurecido, disponibilizado para gerar outras iniciativas, novos projetos.
Benefícios ao projeto:
• Contato direto com o público, trocas, vivência
• Novo conteúdo gerado pelas pesquisas e pelas atividades práticas com o público
• Levantamento de demandas, necessidades de informação para subsidiar educadores
• Abertura de novos canais de comunicação com grupos, associações e instituições
• Perspectivas de continuidade do projeto
• Subsídios para construção de novos projetos
• Manutenção e ampliação do blog
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