segunda-feira, 23 de maio de 2011

Última atividade em Juquitiba



12 graus em São Paulo, madrugada gelada e chuvosa.
O primeiro destino foi a Secretaria de Educação, no centro de Juquitiba onde a Coordenadora Patrícia me esperava para me acompanhar até a escola onde teríamos a primeira oficina do dia numa sala multiseriada com crianças entre 8 e 13 anos. A Escola Municipal Bairro da Jacuba  é muito pequena. Uma sala apenas num quintal enorme, com horta bem sortida, bananeiras e muito espaço para as crianças brincarem. Na cozinha, o almoço já estava sendo preparado e um bolo gostoso com café nos esperava.







As crianças e a professora prepararam com orgulho uma canto da sala, onde está a biblioteca, com a maquete que fizeram na comemoração do dia do índio, em 19 de abril, alguns objetos indígenas que ganharam de presente na visita ao espaço Toca da Raposa e alguns livros de temática indígena. Estavam anciosos, esperando por nossa conversa. São crianças de uma área rural do município que viajam às vezes mais de uma hora para chegarem à escola onde têm que se dividir numa mesma sala de aula, para o aprendizado das matérias que vão do 2o. ao 5o. ano. Essas professoras são heroinas. Conciliar assuntos tão diferentes e controlar crianças de faixas etárias tão distantes é uma tarefa estressante. Foi uma conversda ótima, com participação das crianças, muitas perguntas e espanto com as informações novas para eles. Adoraram o vídeo onde as crianças Ikpeng se apresentam, principalmente os trechos onde os meninos fazem flechas e aviões. As meninas gostam das pinturas corporais e se espantam com a força das garotas da aldeia.
 
 







Saindo do bairro da Jacuba, seguimos pela mesma estrada de terra enlameada até a escola Altamiro Pinto de Moraes, no bairro Juquiazinho. Esta, muito maior, com muitas salas e centenas de alunos do pré ao 9o. ano. Essa escola sofreu um incêndio criminoso no começo do ano que destruiu a biblioteca, secretaria, sala de professores e diretoria. Perderam todos os documentos da escola, os materiais e livros e ainda os equipamentos comprados com sacrifício, com a colaboração da comunidade através de bingos e festas. Um grande choque para todos que tentam agora se reerguer, em espaços improvisados mas com muita garra.
















A primeira oficina, ainda no período da manhã, foi para jovens do 9o. ano. Adolescentes com desejos e sonhos como qualquer outro adolescente, enfrentando uma dura realidade: a distância da casa à escola, a perspectiva de terem que ir mais longe ainda para seguirem os estudos no próximo ano, a carência material e muitas vezes problemas familiares sérios que afetam suas vidas. Mesmo assim, muitos desses jovens se destacam e conseguem seguir os estudos, até com bolsas para escolas particulares em Juquitiba por seu bom desempenho e comportamento. Nessa oficina, os assuntos mais abordados foram os rituais de passagem nas aldeias, com suas provas.

 


No período da tarde juntamos duas salas do 4o. e 5o. ano. Uma turma de cerca de 70 alunos entre 10 e 13 anos, muitos descendentes de indígenas com curiosidades e muito interesse.


Um comentário:

  1. Eita que parece que estava muito frio nesse dia!!! Bom para aquecer com literatura!!!

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