A viagem de Juazeiro do Norte a Nova Olinda anda uma grande aventura. Como diz Alemberg Quindins:, o motorista tem que escolher em qual dos buracos entrar e nem sempre a escolha é a melhor. A viagem que deveria acontecer em 40 minutos, leva mais de hora e meia, com sustos a cada minuto.
Mas a paisagem compensa qualquer sacrifício. As matas e as escarpas da Chapada do Araripe são de tirar o fôlego, de tanta beleza. O lugar, verde e farto, é realmente encantado, como dizem as lendas do lugar.
E mais uma vez é a sabedoria de Alemberg Quindins que define o encantamento: Os Kariu-kariri, povo que habitou esse lugar mágico e deixou sua arte nas pedras e nas grutas, sua cerâmica sofisticada, seu conhecimento herdado pela população atual, esse povo indígena se foi deste plano terreno, dizimados por doenças e pelos conflitos com os conquistadores, miscigenado com negros e brancos que chegaram, mas deixaram aqui seu espírito, sua alma que embeleza e dá força ao lugar. O povo que hoje vive aqui respira a criação divina em seu cotidiano.
O trabalho maravilhoso da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri é uma das manifestações na terra da proteção dos antigos moradores deste lugar. Nesta grande casa, de grande coração, a alegria e as vozes das crianças ocupam todos os espaços e contagiam quem chega perto. Teatro, rádio, televisão, livros, gibis, música, dança... esses meninos e meninas entram em contato com o mundo na pequena Nova Olinda. Se apropriam da arte e do conhecimento e transformam suas vidas e as vidas de suas famílias. Uma grande aldeia movida pelo sonho, alimentada pelo espírito dos guerreiros Kariu- Kariri.
Chego a esta Casa Grande com o coração cheio de alegria e alimentado pelo encantamento do Cariri para trazer as Palavras Criadoras. Que os Kariu-kariri e todos os outros povos indígenas que já se foram, juntem-se a nós nestes dias de celebração !
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